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Por que ficar em casa?

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Confira a contribuição da Operação Médica-acadêmica de Conscientização e Prevenção ao Covid-19: artigo de autoria do médico Pneumologista Fabrício Zandoná, do enfermeiro Dr. José Vitor da Silva e do acadêmico de Medicina, Rodrigo Galvão Bueno Gardona.

Apesar de muitas pessoas permanecerem em suas casas nos últimos dias, muitas delas demonstram não compreenderem a razão científica para isso. A intenção deste artigo é explicar ao leitor o motivo pelo qual, autoridades em saúde recomendam o “isolamento social”. Para que as informações aqui sejam mais claras, vamos utilizar o método de pergunta e resposta. Mas, antes, é importante explicar alguns conceitos em saúde: infectividade (é a capacidade do microrganismo de se alojar e se multiplicar no hospedeiro), patogenicidade (é a capacidade do microrganismo causar a doença em pessoas infectadas) e, por fim, a letalidade (é capacidade do microrganismo causar mortes). Vamos lá?

Todas as pessoas irão se contaminar com o Covid-19, ou seja, entrarão em contato com o vírus? Se todas as pessoas irão se contaminar não é possível dizer, mas que grande parte da população, em algum momento, entrará em contato com o vírus, sim é verdade.

Todas as pessoas que entrarem em contato com o Covid-19 ficarão doentes? Muitos estudos têm sido realizados para responder essa questão. De maneira geral, sabe-se que o desenvolvimento de uma doença  depende da capacidade do sistema de defesa de cada pessoa. Dentro deste raciocínio, nem todos desenvolveriam a doença e/ou suas formas graves. Contudo, o Covid-19 tem chamado atenção dos profissionais de saúde e dos pesquisadores, no sentido de que pessoas jovens e sem fatores de riscos aparentes, estão evoluindo para a forma grave da doença.

O isolamento social serve para impedir que as pessoas se contaminem ou para diminuir a velocidade de transmissão? O isolamento é importante para as duas situações.  A transmissão do Covid-19 já pode ocorrer antes mesmo do início dos sintomas (hipótese de dois dias). Com o isolamento social, se diminui a disseminação e a velocidade de transmissão do vírus entre pessoas. Uma publicação na revista Lancet, sobre um modelo matemático a respeito da validade do isolamento social, relatou que o rastreamento dos contatos e o isolamento de casos, são muito eficazes para controlar surtos do Covid-19.

Por que se isolar, se em algum momento, grande parte da população, inclusive os idosos, poderá entrar em contato com o vírus? Para responder essa questão valem alguns raciocínios. Naturalmente, nem todas as pessoas poderão ficar em isolamento social, como ocorre com os profissionais de saúde, dos supermercados e dos militares, por exemplo. Imagine que algumas dessas pessoas se contaminaram e estão transmitindo o vírus para outras pessoas do seu convívio. Consegue perceber que a disseminação pode estar acontecendo, mas em uma velocidade menor, mais restrita? Por isso, o isolamento social e a adoção de outras medidas preventivas são importantes. Um número pequeno de pessoas se contamina e eventualmente transmite a outro grupo pequeno de pessoas. Neste raciocínio, o que ocorreu? Restringimos a disseminação do vírus e sua velocidade de propagação. Portanto, a grande intenção, é diminuir a velocidade da disseminação do vírus. Neste raciocínio, as pessoas irão se contaminar em momentos diferentes. Estimado leitor, se acelerarmos a velocidade de contaminação, corremos o grande risco de não termos leitos hospitalares, inclusive os de terapia intensiva (UTI) para a população que precisar. Isso não seria grave?

Antes de finalizar este artigo, compartilhamos algumas informações que foram publicadas recentemente no jornal O Estado de São Paulo a respeito da projeção de mortes por Covid-19, conforme diferentes medidas de prevenção são adotadas:

- Se o Brasil não fizesse nada, quantas mortes seriam esperadas? 1,15 milhão de mortes

- Se o isolamento social fosse bem leve? 627 mil mortes

- Se reduzíssemos em 60% as atividades sociais dos idosos, quantas mortes são previstas? 529 mil mortes

- Se 75% da população brasileira reduzisse o contato social, quantas mortes esperadas? Entre 44 a 206 mil, dependendo da data e duração do isolamento social.

O que acham? Devemos ficar em casa!

Sobre os autores

Fabricio Zandoná é médico Pneumologista pela USP de Ribeirão Preto, atende no município de Pato Branco, preceptor do UNIDEP (2018-2019). Rodrigo Gardona é enfermeiro especialista em infectologia, doutor pela Escola Paulista de Medicina (EPM-UNIFESP) e acadêmico do curso de Medicina do UNIDEP e José Vitor da Silva é enfermeiro especialista em Geriatria e doutor pela Universidade de São Paulo (USP).

Operação Covid-19 UNIDEP

A Operação Médica-acadêmica de Conscientização e Prevenção ao Covid-19 é uma iniciativa de alunos e coordenação do curso de Medicina do Centro Universitário de Pato Branco (UNIDEP), liderada e idealizada pelos acadêmicos Rodrigo Gardona, Lucas Romero do Prado e Alini Zandonai. Além da participação dos estudantes Ana Carolina Villar de Sena, Angélica Denardi, Ana Lígia Scotti Alérico, Ailla Mazon Danielski, Liamara Correa, Gabriella Fergutz, Horácio Júnior, João Elias Fadel, Laura Maria Voss Spricigo, Juliana Girotto de Oliveira, Lara Gandolfo, Maria Clara Vida Cassi e Amanda Bringhentti. As ações têm orientação de professores do UNIDEP e médicos colaboradores.

Siga a Operação Covid-19 no Instagram: https://www.instagram.com/operacaocovid.

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Revisão: Profa. Ma. Jozieli Cardenal Suttili / Jornalista MTB 9268 – PR

Coordenadora da Agência Experimental de Comunicação do UNIDEP

Contato: agencia@unidep.edu.br // (46) 3220-3015

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