12/5/2020
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Na última terça-feira, dia 05, a professora Dra. Eucleia Gonçalves Santos promoveu, na disciplina de Projeto Integrador I, ministrada ao primeiro período do curso de Enfermagem do Centro Universitário de Pato Branco (UNIDEP), um debate a partir da realidade das populações indígenas regionais, guarani e kaingang, para apresentar conceitos sobre diversidade cultural. Para tanto, a explanação contou com a participação de Carlos Frederico Branco, graduado em História e Antropologia e mestrando em Desenvolvimento Regional pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), que estuda as populações indígenas no Sudoeste paranaense.
A discussão iniciou com um debate sobre o que é cultura, o que é diversidade cultural, relativismo cultural, etnocentrismo, alteridade e empatia. “A cultura, considerada como a matéria da qual somos feitos, impacta diretamente na percepção que temos do que é saúde ou do que é doença. Os aspectos culturais influenciam o nosso plano biológico, uma vez que nossas crenças, nossos comportamentos e nossas leituras de mundo constituem um todo interligado com nossa estrutura física/biológica, psíquica e espiritual. A reflexão aprofundou-se entre os conhecimentos específicos da enfermagem e os conhecimentos antropológicos, traçando um paralelo entre a cultura acadêmica, científica e a cultura indígena dos kaingang e guaranis, etnias mais presentes no Sudoeste do Paraná”, pontuou Eucleia.
Para a professora Eucleia, considerar a diversidade cultural indígena é fundamental para os acadêmicos da área da Saúde. “Estas etnias têm o direito ao tratamento diferenciado nas unidades de saúde pública, ou seja, o enfermeiro que atuar com estas populações precisa conhecer e respeitar a maneira kaingang e guarani de realizar os procedimentos de cura, deve considerar os simbolismos e os rituais como parte desse tratamento que, associado ao saber científico, proporcionará o cuidado humanizado destas populações”, ressalta.
Eucleia, que há 8 anos é docente do UNIDEP nas áreas de sociologia, antropologia, cultura brasileira, direitos humanos, diversidade cultural e história do Direito, destaca que a saúde pública é um direito de todos, em que o respeito à diversidade cultural deve ser a base da formação humana que precede a formação profissional. “Debater estas questões desde o início da graduação é uma maneira de apresentar aos acadêmicos a preocupação social, humanizadora e universal do curso de Enfermagem. O enfermeiro é o profissional que atua na linha de frente da saúde pública no Brasil, é o que acolhe, ensina e instrui. É ele que, muitas vezes, estabelece o vínculo mais forte com o paciente e, para isso, é fundamental a empatia. O reconhecimento da cultura das populações indígenas, a sensibilização para as suas singularidades, as suas crenças e as suas percepções de mundo, proporciona ao enfermeiro a formação destes vínculos, fundamentais para que o indígena procure a saúde pública, se sinta acolhido e respeitado”, pontua.
Segundo Eucleia, o debate com a turma foi muito produtivo. Os acadêmicos se mostraram muito interessados em conhecer e compreender a importância da cultura para a prática profissional do enfermeiro. “Durante a atividade, ficou muito perceptível essa disponibilidade dos futuros profissionais com a prática da alteridade e da empatia, proporcionando o cuidado, o acolhimento, a instrução, o esclarecimento sobre as questões da saúde no nosso país. Foi emocionante sentir o engajamento do curso e a responsabilidade dos acadêmicos ao tratar de questões tão sensíveis, como os aspectos culturais e sociais da nossa região e, por extensão, do Brasil”, completa.
A coordenadora adjunta do curso de Enfermagem, professora Ma. Heidy Dall' Orto Hellebrandt, evidencia a importância da iniciativa, especialmente por envolver os alunos ingressantes. “Essa atividade foi de extrema importância, pois aproximou os nossos acadêmicos do contexto regional e cultural, mostrando que a população indígena tem necessidades de saúde específicas, em que o enfermeiro necessita compreender os diferentes contextos no qual os seus usuários/pacientes estão inseridos, uma vez que essa postura, voltada à alteridade, oportuniza uma atuação cada vez mais humanizada por parte dos nossos alunos e egressos”, conclui Heidy, que idealizou o momento e o debate.
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Matéria: Profa. Ma. Jozieli Cardenal Suttili / Jornalista MTB 9268 – PR
Coordenadora da Agência Experimental de Comunicação do UNIDEP
Contato: [email protected]