26/8/2019
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FADEP foi parceira do evento realizado na noite da última sexta-feira, 23 de agosto, na Sociedade Rural Pato Branco
Na última sexta-feira (23/08), Pato Branco recebeu a palestra do educador social e diretor de cinema Alex Duarte, intitulada “Como empoderar pessoas com deficiência”, que lotou o salão nobre da Sociedade Rural. A iniciativa foi uma promoção da Associação Iguais nas Diferenças, Clínica Médica MediVida e Celeste Clínica Integrada, com apoio da Faculdade de Pato Branco (FADEP) e diversas organizações parceiras.
Toda a renda obtida com a palestra será destinada à Associação Iguais nas Diferenças, que atua em Pato Branco, voltada à promoção dos direitos e práticas inclusivas de pessoas com deficiência, trabalho realizado por voluntários. Nesse sentido, a idealizadora da palestra, a médica Adriane Arrieche da Rosa Cunha – mãe de Victória, 15 anos, que possui Síndrome de Down – emocionou a todos em seu depoimento de abertura do evento.
“Trouxemos Alex Duarte a Pato Branco, pois queríamos trazer uma pessoa que realmente faz a diferença. Ele tem um projeto de vida voltado a promover a igualdade e práticas inclusivas. Não é uma tarefa fácil ter uma pessoa com necessidades especiais na família, pois sempre nos perguntamos: para onde vamos? Precisamos mudar o foco, ver os nossos filhos e alunos sob um novo olhar, identificando a beleza de cada um, oportunizando o empoderamento, para que a deficiência não seja uma barreira, para que essas crianças, jovens e adultos sejam protagonistas das suas vidas, em prol de uma sociedade realmente inclusiva”, enalteceu Adriane.
A coordenadora da Coordenação de Pós-graduação, Pesquisa, Extensão e Inovação (COPPEX), professora Ma. Marielle Sandalovski Santos, destacou a representatividade da iniciativa e do envolvimento da FADEP em práticas sociais de inclusão. “Enquanto instituição de Ensino Superior, trabalhamos para que a inclusão seja uma postura constante dentro e fora da sala de aula. Portanto, momentos como este, que visam oportunizar reflexões e mobilizar transformações sociais, têm o total apoio da FADEP, bem como o envolvimento direto de nossos professores e alunos”, frisou Marielle, lembrando que alunos e docentes de diferentes cursos marcaram presença na palestra.
Qual é a principal barreira para a inclusão?
O título da palestra também está em um dos três livros de autoria de Alex Duarte, que explicou o porquê da ideia de “empoderamento” associada à inclusão: “todos acreditam que o oposto da palavra deficiência é a eficiência, e que a deficiência representa a ineficiência. Todas as pessoas podem vivenciar deficiências, algumas genéticas, outras adquiridas ao longo da vida. Por isso, chamamos essa palestra de “como empoderar pessoas com deficiência”, justamente porque o nosso propósito é mostrar os meios para empoderarmos as outras pessoas, especialmente aquelas que possuem alguma condição genética”, disse Alex.
Ao apresentar momentos do trabalho que desenvolve há 11 anos, Alex enalteceu que empoderamento não é motivação. “Esta é uma palavra criada nos Estados Unidos e, no Brasil, Paulo Freire estudou seu conceito e nos mostrou que empoderamento é quando o outro reconhece o seu potencial”, pontuou. Nesse sentido, Alex desafiou o público a romper barreiras e preconceitos que, segundo ele, são as verdadeiras limitações direcionadas às pessoas com deficiência.
“A minha geração não estudou com alunos especiais e, muitas vezes, acha que quem tem alguma deficiência aprende menos do que os outros. Precisamos arrancar estigmas e rótulos que desempoderam pessoas com deficiência. Por exemplo, ao dizer que quem tem deficiência é “especial” ou “excepcional”, estamos segregando essas pessoas, pois esses termos foram adotados para tentar explicar as diferenças, que não precisam ser justificadas, pois a deficiência é, justamente, uma condição da espécie humana”, salientou Alex.
Entre os momentos mais marcantes da sua fala, Alex lançou a seguinte reflexão: “vocês são obstáculos para pessoas que nasceram com alguma condição genética, por que não acreditam nessas pessoas e colaboram para manter esse estado de segregação”? Na sequência, desafiou: “podemos mudar isso, através da informação correta, através das profissões que escolhemos e inibindo atitudes que colaboram para o preconceito”.
Nesse sentido, ainda, Alex mostrou que a interação com o meio positivo melhora a autoestima e a forma como a criança vai aprender em seu processo cognitivo. “É muito comum que pessoas com deficiência não saiam do estágio da infância, devido às limitações impostas pela sociedade e pela superproteção familiar. O professor, o educador, o pai e a mãe colaboram com esse estigma, por não acreditarem que essas pessoas são capazes de ser os verdadeiros protagonistas. Então eu pergunto: será que é, realmente, a deficiência que limita?”, instigou.
Para finalizar, Alex questionou se as pessoas presentes estavam empenhadas em ajudar aquelas que nasceram com uma condição genética. “Muitas vezes, só nos preocupamos com a inclusão social quando nos tornamos deficientes ou temos um filho com deficiência. Isso precisa mudar”, argumentou.
A missão de Alex Duarte
O evento fez parte do projeto “Cromossomo 21”, reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) por promover uma nova visão sobre a diversidade. Em 2016, Alex foi um dos representantes do Brasil na ONU pelo Dia Internacional da Síndrome de Down e recebeu o título de cidadão brasileiro pela Academia de Letras de São Paulo. O filme “Cromossomo 21”, do qual é diretor, foi premiado em Hollywood e exibido nos cinemas do Brasil.
Há 10 anos, Alex atua como palestrante na área de inclusão. É graduado em Comunicação Social, pós-graduando em Psicopedagogia Clínica Institucional. Além disso, também tem formação em Coaching, realizada em Orlando/EUA. Foi o primeiro jovem a documentar a Missão de Paz da ONU, no Haiti.
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Matéria: Profa. Ma. Jozieli Cardenal Suttili / Jornalista MTB 9268 – PR
Coordenadora da Agência Experimental de Comunicação da FADEP
Fotos: Alan Winkoski, acadêmico do 6º período de Publicidade de Propaganda da FADEP.